Por que uma política de gênero feminista?
Em primeiro lugar, porque ser feminista é defender a igualdade entre os gêneros, com
respeito a todas as diferenças.
Porque, apesar dos avanços e conquistas das mulheres, há ainda na sociedade
discriminação em variadas manifestações. É preciso superar essa situação para fazer avançar a
democracia e o aperfeiçoamento das relações humanas.
Porque há ainda na cultura, nas relações familiares, sociais, econômicas e políticas
um culto ao padrão universal: o todo, o masculino, o homem branco. É preciso atualizar
esse paradigma, pois ele não condiz com a realidade: a população feminina e a população
negra são maioria, e isso ninguém pode negar. Precisamos construir uma cultura de
compartilhamento, e não mais de hierarquia e submissão.
Porque as mulheres são sub-representadas na política e querem empoderamento.
Porque as mulheres, em média, ganham menos que os homens, mesmo quando têm
maior qualificação (anos de estudos) no mesmo trabalho. E isso precisa mudar, urgentemente.
Porque há discriminação da mulher pela sua condição de ser reprodutivo.
Porque as mulheres têm menos oportunidades (no trabalho e na educação ) que os
homens, estando mais submetidas ao desemprego, ao subemprego e a maiores dificuldades de
progresso na carreira, de ascender aos cargos de chefia nas mais altas instâncias de poder nas
empresas, na administração pública, nas universidades, nos sindicatos etc..
Porque 44% das mulheres ocupadas trabalham em casa mais 40 horas nos cuidados
com o lar (cuidados com a casa e com a família) sem reconhecimento ou remuneração.
Mesmo quando trabalham menos horas em casa, as mulheres sempre trabalham mais que os
homens. A dupla jornada é uma realidade para amplos contingentes femininos, adoecendo as
mulheres e diminuindo as suas possibilidades de se desenvolverem em outros campos.
Porque o trabalho de cuidado (seja em casa, seja como profissionais do cuidado) e
o trabalho de educação, exercidos principalmente pelas mulheres, têm baixo prestígio na
sociedade. Porque a mulher tem corpo e mente diferentes do pretenso padrão universal
masculino, portanto, precisa ser respeitada em suas diferenças (elas têm distintas
necessidades e desejos e, portanto, direitos diferentes).
Porque as mulheres talvez tenham sensibilidades e modos diferentes de fazer política,
que, comprovadamente, só ajudam a democracia, não atrapalham. É preciso abrir os espaços
políticos para a palavra e a sensibilidade da mulher, se não se quiser ter uma democracia
manca e fraca.
Porque as mulheres sofrem brutais agressões dos homens, inclusive fatais. As leis são
importantes para coibir a violência, mas é sobretudo necessário criar uma cultura de respeito,
compartilhamento e colaboração. As mulheres querem mobilizar as forças da cultura e da
comunicação para criar novos códigos de convivência humana. E para isso é preciso que as
mulheres tenham paridade nas instituições culturais e nos meios de comunicação.
Porque as mulheres querem participar da vida familiar, social, econômica, política,
cultural, sem discriminação, sem preconceitos, sem intolerância.
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